sábado, 17 de abril de 2010

Custos Ocultos da Energia Nuclear (2)

Além dos CUSTOS a suportar por todos nós na qualidade de contribuintes comunitários (o Orçamento da União Europeia é financiado pelas contribuições  dos Estado Membros), conforme foi escrito, aqui, ainda seremos obrigados a suportar outros CUSTOS associados se for por diante a  aventura nuclear, beneficiando uns poucos  em detrimento de quase todos.

CUSTOS A SUPORTAR PELOS CONTRIBUINTES  PORTUGUESES (que os promotores do nuclear  se recusam a pagar):

  1.  Os custos dos sistemas de segurança e dos sistemas de emergência: suportados pelo Estado e por instituições internacionais já que as seguradoras se recusam a segurar a 100% os riscos de exploração de  uma central nuclear. Mais de metade do seguro de risco pela  sua exploração é assegurado pelo Estado e pelas  instituições  internacionais e não pelas  seguradoras. Afinal, serão os riscos assim tão desprezíveis como querem fazer crer os  promotores do nuclear? 
  2. Custos de armazenamento/depósito  dos resíduos radioactivos (não existem cálculos já que, em boa verdade, não foram construídos  até hoje  depósitos para os mesmos). Os EUA, após terem gasto nove mil milhões de dólares, acabam de abandonar o projecto de depósito de resíduos de alta radioactividade no subsolo, em Yucca Mountain.  A Espanha, a Suíça, a Suécia e a Finlândia escolheram o subsolo  para depósito dos resíduos nucleares mas ainda se  encontram na fase de projecto.  O Canadá, o Reino Unido e a França ainda não fizeram a sua  opção sobre a melhor forma de depositar os resíduos das centrais nucleares. A pergunta que se coloca é a seguinte: Será que está correcto produzir resíduos adicionais, que seriam criados em resultado de um programa para construção de novas centrais nucleares, quando não existe uma solução de longo prazo para a gestão dos resíduos já existentes?” Quem vai suportar os custos da construção e manutenção dos depósitos nucleares?
  3. Custos do desmantelamento  e descontaminação das instalações das centrais nucleares no fim da sua vida útil.  Na Alemanha, o preço a ser pago para essa desactivação e isolamento de cada reactor nuclear está estimado em algo entre 7 e 14  mil milhões de Euros. Os custos de desmantelamento do parque nuclear do Reino Unido estão estimados em 100 mil milhões de Euros. 
  4. Formação, no estrangeiro, de uma equipa técnica altamente  especializada em diversos domínios,  para acompanhar os trabalhos de construção, manutenção e fiscalização de uma  central nuclear e o seu posterior enquadramento orgânico a nível de  uma nova Direcção-Geral com os custos inerentes. Este custo é tanto maior quanto menor for o país e quantas menos centrais nucleares forem instaladas. Esta questão foi, aliás, abordada por Paul Joskow do MIT que participou numa conferência em Lisboa e que concluiu não fazer sentido a instalação de um pequeno número de centrais nucleares em Portugal por este motivo (quanto mais para apenas 1 central nuclear). 
  5. Custos e constrangimentos técnicos, economicamente insustentáveis, em resultado da diminuta dimensão da rede eléctrica. Quanto menor capacidade possuir uma rede eléctrica mais  constrangimentos se irão colocar na sua  gestão  em resultado da entrada em funcionamento de  uma central nuclear. Nos ciclos  de maior produção das renováveis (hídrica, fotovoltaica e eólica) a preço marginal de mercado quase nulo, o que fazer? Desliga-se o botão da nuclear ou das renováveis? E se a nuclear for obrigada a estar parada uma boa parte do ano será que é rentável? Uma  das exigências que  os promotores fazem para a  instalação de uma  central nuclear é que a rede lhes assegure uma produção dedicada de 90% da sua capacidade instalada. Por essa razão, Israel, com uma potência instalada um pouco inferior à nossa, mas  que trata por tu a  tecnologia nuclear e que não precisa da ajuda de ninguém para construir uma central nuclear, desistiu da ideia de  construir reactores nucleares para a produção de  energia. A sua aposta é no solar fotovoltaico.
  6. Adaptação da rede eléctrica. Com a entrada em funcionamento de uma unidade, grande produtora de energia, e, no caso da central nuclear ficar situada longe dos centros de consumo, o que parece óbvio na medida em que  são centros de  grande aglomeração urbana, será necessário proceder a grandes obras na rede eléctrica para levar a energia até aos  consumidores finais.
  7. Estudos de/sobre os locais mais adequados à implantação da central nuclear mesmo aproveitando os estudos (onde já foi gasto muito dinheiro) já realizados.
  8. Consumo de água. Uma central nuclear terá de ser construída obrigatóriamente junto a um curso de água ou junto ao mar dado o consumo incomensurável de água para arrefecimento dos reactores. A Espanha chega a desligar os reactores no verão ou por falta de água ou porque a temperatura da água é tão elevada que não arrefece de modo satisfatório os  reactores.
  9. Impacto ambiental:  contrariamente ao que se anuncia,  a energia nuclear não é renovável nem verde: a produção de energia através de centrais nucleares emite  gases de efeito de estufa, responsáveis pelas alterações climáticas:  na construção da central, na exploração, no processamento e enriquecimento do urânio e no transporte dos resíduos para processamento ou armazenagem. Os níveis calculados de emissão em termos de ciclo de vida colocam uma central nuclear numa situação pior que uma central a gás natural e 4 a 5 vezes mais que um parque eólico de idêntica dimensão. Consome  40 vezes mais água que uma central térmica equivalente.
  10. Riscos de fugas radioactivas no subsolo ou na atmosfera por efeito de um atentado terrorista ou de  um terramoto com consequências  imprevisíveis. O que não acontece com os parques eólicos. Já alguém imaginou um ataque terrorista a uma torre eólica?



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